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Inteligência Política não é previsão do tempo: "será que vai chover?"

A importância da construção de estratégias que tragam as variáveis políticas para um nível gerenciável é abordada neste artigo escrito pelo cientista político e Diretor de Estratégia da Sigalei, Ivan Ervolino. Confira!

Publicado em:
15/5/2020
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ssa é uma pergunta que serve para puxar assunto no elevador e que ganha importância quando se aproxima o final de semana ou uma viagem. A questão pode ter chamado a atenção sobre o porquê de abordamos dois assuntos tão distintos, mas que carregam semelhanças na forma como são encarados. Serve para ilustrar que, em muitas instituições, a gestão de risco político é tratada como um fenômeno que é possível de se prever, mas resta torcer para que a previsão esteja certa ou errada. Do mesmo modo, durante algum tempo, se considerou que as variáveis políticas não eram gerenciáveis e restava apenas considerá-las e esperar pelo resultado.

O objetivo deste artigo é mostrar o nosso entendimento sobre Inteligência Política e como o debate sobre este tema evoluiu para pensar estratégias que tragam as variáveis políticas para um nível gerenciável.


O que é Inteligência Política

Por ser um tema debatido em várias áreas de conhecimento, como Ciência Política, Relações Internacionais e Administração, faz-se necessário elucidar o que entendemos quando falamos sobre análise política e, mais especificamente, Inteligência Política.

De fato, o termo mais utilizado é Análise de Risco Político, contudo entendemos que o comportamento político traz riscos, mas também oportunidades para as empresas. Sendo assim, quando nos referimos à Inteligência Política, significa dizer que é preciso considerar na análise as possíveis perdas e os possíveis ganhos. Ter Inteligência Política significa estar apto, enquanto instituição, para aproveitar as oportunidades e, também, gerenciar as perdas. 

Para isso, é necessário estruturar uma série de procedimentos para avaliar os cenários e, assim, tomar a melhor decisão possível.  As decisões na arena política são dinâmicas e dificilmente se consegue ter um panorama de todas as potenciais variáveis. Há jogos ocultos, entretanto, isso não deve paralisar a análise, mas buscar ainda com mais interesse soluções que agreguem, na avaliação do analista (de forma mais qualitativa), informações de qualidade e que sejam organizadas. Nesse ponto, a tecnologia ganha importância, pois com ela conseguiremos avançar em velocidade e qualidade na obtenção de informações. 

Com relação aos tipos de análise política, existe a possibilidade de fazermos uma análise macro e buscar informações sobre questões globais (como a própria pandemia ou desastres naturais). Existe também a análise política voltada para uma determinada agenda dentro de um determinado país. E aqui deve se levar em conta os atores e instrumentos que esta agenda envolve. Ou seja, os atores e instrumentos variam de acordo com a agenda que se busca.

Em síntese, consideramos que a Inteligência Política se refere à análise dos riscos e, também, das oportunidades, sendo feita através de análises pautadas por agendas/temas dentro de um país.


A evolução do debate

Para mostrar qual o atual estágio, é importante mostrar como este debate evoluiu. 

O  primeiro movimento para analisar os cenários considerava que a política não era vista como uma oportunidade, mas como algo que deveria ser limitado, pois a princípio só gera malefícios (não havia oportunidades, apenas riscos). Nessas análises se considera o mercado em equilíbrio, que se autorregula e que mantém em equilíbrio demanda e oferta. O grande problema destes modelos é, exatamente, não considerar a política como uma variável relevante, mas que apenas atrapalha ou existe para dificultar a evolução da economia e dos mercados.

Uma evolução neste modelo trouxe análises mais multidimensionais e que considera a política junto com mercado e economia. Contudo, se trata de uma análise pouco dinâmica, pois encaixa os riscos em uma escala relacionada à capacidade dos Estados a lidarem com as questões sociais, culturais, políticas e econômicas. Essa escala permite que o analista crie uma análise do risco daquele país. Isto é, as análises consideram entre os sistemas políticos àqueles que estão mais ou menos propensos aos riscos e aos colapsos. 

Apesar da melhoria, o problema é que as empresas, seus investimentos e os atores dentro dos países interagem de maneiras diversas e isso, por conseguinte, gera resultados diferentes. Ou seja, há diferentes riscos políticos, sendo difícil colocar as mesmas implicações para todas as situações. Essas padronizações diminuem a capacidade analítica e, principalmente, esta simplificação pode gerar distorções na análise.

Essas incorreções levaram a outra evolução e trouxe a análise para uma lógica de diminuir o número de correlações de variáveis macro para modelos de microanálise qualitativas. Em outras palavras, começou a considerar que a análise deve ser feita por agendas/temas e não de maneira geral. Contudo, o foco em análises qualitativas são menos ágeis e, em alguns casos, são mais complexas de serem replicadas. Por estes motivos, esses modelos começam a ser preteridos, pois há risco de se levantar muitas variáveis, mas com análises poucos conclusivas ou demoradas, sendo que o timing para quem busca mitigar riscos ou aproveitar oportunidades é uma variável essencial.

A evolução destes modelos nos trouxe para o cenário atual. Entendemos que a variável política é importante, é dinâmica, deve contar com avaliações menos frias, mas que, para um mapeamento mais eficaz das possibilidades de ganhos ou perdas, é preciso contar com a coleta, organização e disponibilização de grande volume de dados. E aqui temos o momento que aliamos a tecnologia.

Para se conseguir Inteligência Política, a análise deve, então, levar em conta dados que permitam ao analista entender as relações e as dinâmicas entre os atores, entre as instituições e entre os atores e as instituições. Devemos olhar as instituições e os atores, sendo que para cada tema vai existir uma composição diferente e que impactarão de forma distinta.


Os desafios

Não há como evitar os movimentos no cenário político, visto que ele é construído tendo vários interesses que são colocados ao mesmo tempo. Sendo assim, é preciso gerenciar as opções tanto para mitigar as ameaças como para aproveitar as oportunidades. Sempre haverá restrições legislativas/regulatórias que o legisladores podem lançar mão. Possivelmente os tomadores de decisão, nestes momentos, terão como estratégia impor às empresas estes regramentos. Se você é da parcela que vê o copo meio cheio, podemos pensar que sempre haverá possibilidades de incrementar os ganhos, pois estes mesmos tomadores de decisão podem entender a importância de determinada agenda.

O fato é que o desafio sempre será entender qual a probabilidade de determinado movimento ocorrer e qual será o impacto se isso ocorrer ou não, essa equalização é dinâmica pela própria lógica da arena política (por este motivo conseguir extrair informações de uma grande quantidade de dados pode ser uma vantagem importante).


Soluções

Como se nota a complexidade das análises são desafiadoras e, por conta disso, é importante utilizar ferramentas para criar as estratégias de Inteligência Política. Elas podem ser, por exemplo, frameworks e plataformas que auxiliam na construção destas estratégias.

Nossa proposta aqui na Sigalei é estruturar processos de criação de  Inteligência Política para  nossos clientes utilizando um framework e a plataforma Sigalei, tendo como foco de nossas soluções as análises de cenários dentro dos países, começando com o Brasil, país cuja volatilidade de cenários não deixa nenhum analista política entediado.  

Por esta razão criamos nosso framework, que é inspirado no modelo trazido por Condoleezza Rice e Amy Zegart (2018) e que foi estruturado em 04 etapas (Monitorar, Analisar, Compartilhar e Medir). Ele foi desenvolvido para se encaixar  no fluxo de utilização da Sigalei, para que os clientes consigam máxima performance na criação das estratégias. 

A razão da união de um framework e de uma plataforma é que as análises demandam avaliações qualitativas, mas é essencial contar com um grande volume de informações organizadas. Esta união ajuda para que não se perca o foco num volume grande de dados e nem se torne simplista demais por conta de não conseguir processar esses dados manualmente.

O que esperamos com este debate

Acreditamos que é possível que sua instituição tenha Inteligência Política para mitigar os riscos, assim como mapear as potenciais oportunidades. O ponto aqui é que, se bem  executada, esta pode ser muito útil para preparação de possíveis cenários e também ser uma ferramenta para auxiliar em decisões preventivas.

Buscamos contribuir com o debate sobre inteligência, mas também sobre tecnologia, visto que o casamento entre análises qualitativas e dados deixa o foco mais preciso,  melhora a capacidade de refinar as análises e estratégias, além de aumentar a eficácia na estruturação e na implementação de projetos de Políticas Públicas. 

Por fim, mas não menos importante, entendemos que esta junção melhora também a transparência das atividades, já que  as decisões são pautadas em análises que levam em conta informações.

Desenvolvemos soluções para permitir que as instituições tenham inteligência e, assim, a arena política seja não apenas previsível, mas passível de ajustes e correções que levem à melhores resultados. Temos muito que avançar neste tema, seja no debate sobre os modelos de análise, seja na utilização das tecnologias.

Em breve, iremos retomar o assunto Inteligência Política, aqui na seção Insights. Aguardamos a sua contribuição neste debate. Entre em contato conosco e nos conte qual é a maior dificuldade da sua organização. Para isso, é só CLICAR AQUI.

Conte com a Inteligência Sigalei para ajudar na construção das melhores estratégias, mesmo em ambientes de alta volatilidade. Afinal, se for chover, é melhor repensar compromissos externos ou levar um guarda-chuva, mas nunca se molhar. 


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