Uma ideia que estava incubada havia três anos. E encontrou eco em mentes que já fervilhavam o mesmo tema, possibilitando a criação do 1º Anuário de RIG do Brasil. Juntos, Consult-Master, LEC (Legal, Ethics, Compliance) e VITTORE Partners cumpriram a missão de levar mais transparência à área.
Lançado em agosto deste ano, com a presença de mais de 472 profissionais, o Anuário ORIGEM 2019 reúne as principais lideranças do setor e o mais completo panorama profissional da área no Brasil.
O anuário é considerado um novo marco para o RIG no Brasil. A expectativa é que ele possa contribuir com a percepção da importância estratégica da área para as empresas em nosso país.
Em entrevista ao blog Sigalei, Raul Cury Neto, sócio fundador da VITTORE Partners e um dos idealizadores do Anuário ORIGEM, contou sobre o início e o desenvolvimento desse trabalho.
Após advogar por oito anos, migrei para o mercado de recrutamento de executivos, isso aconteceu há 12 anos. E me tornei um headhunter. Comecei recrutando profissionais da área jurídica, que é meu background.
Dois anos depois, em 2009, passei a recrutar para a área de Compliance, com foco em anticorrupção. E no final de 2010, comecei a recrutar para a área de RIG, depois do pedido de uma multinacional americana que era nossa cliente. Naquela época era tudo muito novo, quase ninguém sabia o que era Compliance e o perfil dos profissionais de RIG e a importância da área era completamente diferentes.
Atualmente, a busca por profissionais de RIG aumentou drasticamente e essa tem sido a área de maior representatividade em nossa atuação aqui na VITTORE.
No ano passado, eu desenvolvi, o primeiro Anuário dos profissionais da área de anticorrupção no Brasil, o Anuário Compliance On Top. Era uma ideia que estava incubada havia uns três anos, assim como o da área de RIG.
Eu queria muito expor a importância dos profissionais de Compliance, já que eles têm um trabalho muito relevante e desafiador em seu dia a dia. A ideia era justamente mostrar a atuação deles de forma positiva no mercado e, de certa forma, ajudar a disseminar a matéria na sociedade.
Então me associei à LEC, o principal instituto de Compliance do Brasil e a maior comunidade de Compliance da América Latina, com quem tenho uma grande e antiga parceria. E foi um sucesso!
O Anuário Compliance On Top foi uma grande inspiração e na sequência eu quis fazer o mesmo com a área de RIG. Nesse exato momento, o professor Rodrigo Navarro, coordenador do MBA de Relações Governamentais da FGV e sócio da Consult-Master, consultoria especializada em Relações Governamentais, com quem eu já tinha uma grande parceria, me procurou com a mesma idéia de criar um anuário para a área de RIG e, imediatamente, nos juntamos e começamos a colocar a ideia no papel.
Num segundo momento, nós convidamos a LEC a se juntar nessa missão conosco, não só pela sinergia que as áreas têm, mas também pelo sucesso que tivemos no anuário de Compliance. Foi uma corrida contra o tempo para cumprir o prazo que havíamos definido, mas conseguimos.
A reação foi muito positiva. Como era o primeiro anuário, tínhamos um pouco de receio da reação das pessoas porque esta é uma área que ainda está em transformação, e que tem um histórico muito ruim com relação à corrupção e a escândalos políticos. Contudo, a aprovação dos profissionais de RIG foi grande.
Naturalmente que alguns profissionais não ficaram confortáveis com a iniciativa e não quiseram participar do anuário, mas entendemos perfeitamente o ponto de cada um deles.
Por outro lado, muitos profissionais que ficaram desconfortáveis num primeiro momento acabaram mudando de percepção. Por exemplo, quando nossa equipe começou a contatar as pessoas que eram líderes de suas áreas, de suas empresas e consultorias na área de RIG, algumas não se sentiram à vontade em responder no primeiro momento e até não quiseram participar.
Na medida em que o anuário, ou pelo menos seu conteúdo, foi aumentando no mercado, e a data de lançamento se aproximando, e também à medida que os patrocinadores iam aderindo ao projeto, o anuário foi tomando outra proporção. E essas pessoas que ainda tinham uma ideia negativa começaram a mudar de visão.
Muitos até resolveram participar e chegaram a nos procurar, mas não conseguiram porque as inscrições já estavam encerradas. De certa forma isso foi positivo porque não precisamos fazer muito esforço para divulgação, já que o próprio mercado se encarregou de comentar sobre essa ação de forma positiva.
O lançamento foi um sucesso tremendo e tivemos a presença de 200 dos principais profissionais do mercado de RIG. E depois do evento, muitos daqueles que não aderiram a esse primeiro anuário nos procuraram para saber como será a edição de 2020. Então, nossa ideia é dar continuidade a esse trabalho.
A principal contribuição é trazer muita transparência para essa atividade, porque hoje em dia e em consequência de um passado não tão positivo, o lobby ainda é visto de forma pejorativa pela sociedade.
E, pelo contrário, os lobistas não precisam ter vergonha de falar que são lobistas e as pessoas não deveriam ter vergonha de falar que fazem lobby. Até porque o lobby, nos principais países, é uma forma de atingir um fim, através de vários mecanismos, ou de lutar por uma causa de forma legítima e transparente, e isso é muito importante.
Na verdade, todo mundo faz lobby, desde o especialista em lobby, até a sociedade civil, de forma organizada ou individual. E tem que ser algo transparente. Com a área de Compliance isso já começou a mudar, quando essa iniciativa de combate à corrupção começou a se fortalecer.
E agora o caminho é o mesmo para a área de RIG. Inclusive, e como exemplo, se olharmos para os Estados Unidos e para alguns países da Europa, o lobby é uma área importantíssima, regularizada, regulamentada e muito efetiva no dia a dia.