Com o objetivo de contribuir com o debate sobre as vantagens que a utilização da tecnologia pode ter no cotidiano dos profissionais de relações governamentais, sustentamos que o auxílio da tecnologia no monitoramento legislativo (entendida como etapa necessária no processo de negociação com as esferas governamentais) deve ser considerada como uma questão relevante neste processo.
Não é novidade que as novas tecnologias estão criando, reinventando e modificando o modo que as mais diversas atividades econômicas são executadas, ao mesmo tempo que uma grande quantidade de dados é disponibilizada. Nas relações governamentais não é diferente. Neste artigo queremos chamar a atenção para a contribuição que novas ferramentas e metodologias podem ter no cotidiano dos profissionais.
A quantidade de dados políticos produzidos e disponibilizados, permite que novas estratégias de relações governamentais sejam traçadas. Sendo assim, um gargalo na melhoria das estratégias de RelGov acontece na maneira como se trabalha o monitoramento legislativo de um grande volume de dados.
A área da política (considerando aqui poder público e profissionais que se relacionam com as esferas políticas nos mais diversos níveis), apesar de produzir uma quantidade considerável de informações, pouco utiliza da tecnologia para melhorar processos, validar hipóteses e pensar novas maneiras de negociação. O fato é que estruturar relatórios de monitoramento legislativo, levantar informações dos legisladores, mapear possíveis ameaças legislativas e detectar momentos sensíveis para propor ações estratégicas se torna mais eficaz quando se consegue, a partir de um número maior de dados políticos, extrair as informações necessárias para realizar estas ações.
Para se ter uma ideia do volume, apenas na esfera federal (Câmara e Senado) existem mais de 90 mil proposições tramitando. Some a este volume informações diversas dos legisladores como votações, comissões que participa, discursos e biografia. Agora imagine elaborar planos de ação em cada uma das esferas de tomada de decisão?
Em um cenário concorrido e com quantidades finitas de recursos, no qual grupos e setores disputam espaços da política, conseguir agilidade e eficácia no tratamento dos dados políticos pode significar vantagem frente àqueles que se utilizam processos manuais. Automatiza-los não significa, de modo algum, a substituição do profissional de relações governamentais, mas deixá-los livres para pensarem e executarem planos estratégicos de interação e argumentação junto aos tomadores de decisão.