Sola de sapato, saliva e suor. Em entrevistas, Vinicius Poit, cita esta receita (que não sai de moda) como uma das responsáveis pela conquista de uma cadeira na Câmara. Depois de percorrer todo o Estado de São Paulo e de angariar centenas de milhares de seguidores nas redes sociais, Poit conquistou mais de 207 mil votos e se tornou uma das novas caras da próxima legislatura. Aos 32 anos, o administrador de empresas e empreendedor tem um discurso bastante alinhado com o do seu partido, o NOVO. Entre as suas bandeiras, está o corte de privilégios dos parlamentares. Em entrevista ao blog Tudo é Política, Poit falou sobre a agenda e os desafios da próxima legislatura. Boa leitura!
1 – Você é visto como um político ligado à renovação. Na prática, o que você pretende fazer de diferente, dentro do seu escopo como parlamentar?
Logo no meu primeiro dia como deputado federal eleito, lancei um abaixo-assinado contra o aumento dos políticos. Denunciei a série histórica de aumentos que os parlamentares concedem tradicionalmente a si próprios e a seus sucessores após as eleições. O documento já alcançou 640 mil assinaturas, o que por si só já é uma mudança de paradigma.
Além disso, contratarei menos da metade dos assessores a que o gabinete tem direito, gastarei no máximo 50% da cota parlamentar e não utilizarei apartamento funcional ou auxílio-moradia. Pagarei com o meu salário os custos do aluguel em Brasília, como todo o cidadão brasileiro faz. Esses são alguns exemplos. Também não compactuarei com a velha política, com o conhecido “toma lá, dá cá”, com a troca de emendas ou indicações de cargos, não atuarei em benefício próprio.
2 - Você acredita que a sua falta de experiência legislativa possa dificultar a sua atuação parlamentar, nos primeiros meses de mandato?
Não, pois também no meu primeiro dia como deputado federal eleito comecei a estudar. Já me debrucei no regimento interno da Câmara, participei de aulas sobre orçamento, me reuni com o ministro da Fazenda, estive nas comissões e no Plenário. Com a ajuda do meu Partido, o NOVO, estou, ao lado dos meus 7 colegas de bancada, estudando todos os aspectos de funcionamento do Congresso. Acredito que nós do Partido NOVO já estudamos muito mais sobre o Legislativo do que muitos dos que estão lá dentro.
3 - O blog Tudo é Política é bastante lido por profissionais de Relações Governamentais e Institucionais, que representam interesses legítimos de empresas e instituições. Quais são os princípios que vão nortear o seu relacionamento com esses profissionais?
Os mesmos princípios que nortearão todo o meu mandato: a ética e a transparência.
4 - Você acredita que a polarização herdada de um campanha eleitoral conturbada possa prejudicar os trabalhos do Congresso?
Acredito que agora cabe a todos se unirem em torno de pontos fundamentais para o desenvolvimento do nosso país, como as tão importantes reformas estruturantes. Não podemos deixar que as legítimas discordâncias do processo político contaminem votações tão importantes, como a reforma da previdência, por exemplo.
5 - Quais são os temas que você vê como prioritários para a agenda parlamentar?
Além das já mencionadas reformas (previdência, tributária e política), ressalto a importância de um novo pacto federativo e de leis de incentivo ao empreendedorismo.
6 – Sola de sapato, saliva e suor. Em entrevistas, você atribui a sua vitória pelo bom trabalho de convencimento feito durante as eleições e citou muitas viagens pelo estado de São Paulo. São bastante recorrentes as críticas envolvendo parlamentares que se desconectam da realidade, aumentando o fosso entre Brasília e o restante do País. Como você pretende evitar isso?
Nestas eleições, as redes sociais tiveram comprovadamente um papel muito importante. Assim como fiz durante a campanha, pretendo continuar usando-as para ter um contato direto com a população. Além disso, os 3 “s” (sola de sapato, saliva e suor) continuarão a serem usados por mim durante todo o mandato. Aliás, estou atualmente andando o Estado, mesmo já tendo sido eleito. Essa semana, por exemplo estive em 3 cidades do Grande ABC e ainda vou para Itu, e, no início da semana que vem, passo pela baixada santista.