Levantamento feito pela Sigalei com análise da temperatura do debate sobre lobby e mapeamento dos principais stakeholders no Twitter.
Regulamentação do Lobby no Brasil é um debate já iniciado na arena política e que segue ainda sem desfecho. Apesar disso, determinados momentos da política nacional reacendem a discussão sobre o tema.
Enquanto o projeto de lei 1202/2007, a proposição sobre lobby mais avançada no processo legislativo, segue aguardando inclusão na pauta para votação do substitutivo no Plenário da Câmara, os posicionamentos na mídia e redes sociais seguem acontecendo.
Para ter uma visão geral desta pauta tão relevante para profissionais que atuam com defesa de interesses no Brasil, a Sigalei fez um breve levantamento do tema e mapeamento de stakeholders com dados do Twitter nos últimos 30 dias (20/06/2021 a 19/07/2021) a fim de:
O quadro abaixo mostra que no último mês a palavra “lobista” cresceu 210%, ou seja, foi muito mais utilizada em tweets entre junho e julho, do que no período anterior (maio e junho).
Desde o dia 25 de junho, após a participação do Deputado Federal Luis Miranda (DEM/DF) e de seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, na Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPI da Pandemia) no Senado, que revelou suspeitas de esquema de corrupção envolvendo o processo de negociação e compra da vacina Covaxin houve aumento do debate sobre lobby no Twitter.
O gráfico abaixo demonstra a flutuação da temática na rede social com base na quantidade de tweets publicados e de stakeholders que utilizaram texto ou hashtags contendo as palavras ”lobby” e “lobista”. O tema, como um todo, cresceu 78% em um mês, foram encontrados 128 posts e mapeados 60 stakeholders no Twitter:
A partir deste evento político que está recebendo olhares atentos da mídia e população, parlamentares e veículos de comunicação utilizaram de forma intensa (e, muitas vezes, equivocada) termos como "lobby" ou "lobista" para se referir à interlocução entre o grupo empresarial e o governo.
As oitivas da CPI da Pandemia, seguidas pelo aumento de manchetes na mídia, refletiram em um crescente interesse pelas palavras "lobby" e “lobista” nas buscas do Google. com picos de buscas em junho e julho que coincidem com o acirramento dos debates na CPI:
De forma similar, as repercussões sobre o tema foram impulsionadas nas redes sociais com o uso das palavras-chave “lobby” ou “lobista” em textos de posts e hashtags no Twitter. Como podemos observar na nuvem de hashtags, a #CPIdaCovid tem maior destaque, por ter sido mencionada mais vezes em conjunto com palavras que remetem ao tema.
Essas informações sobre picos de busca de palavras-chave, bem como o uso desses termos em texto ou hashtags no Twitter, reforçam que o principal fato no cenário político que atraiu a atenção para a temática do lobby foi a CPI da Pandemia. Contudo, analisando em detalhes, a maior parte tweets se referem a conotações e percepções erradas sobre a atividade de relações institucionais e governamentais, pois ao mesmo tempo que mencionam Lobby no contexto da CPI, também utilizam termos como corrupção e propina, que são crimes.
Por outro lado, também identificamos no mesmo período, movimentos, instituições e pessoas que buscam esclarecer que o lobby é uma atividade democrática e lícita, como é o caso do IRELGOV e da ABRIG. Na própria mídia o debate sobre regulamentação do lobby foi retomado como solução possível para evitar a falta de transparência e ética nas relações entre governo e setor privado.
Dentre os parlamentares, elencamos em um ranking, por ordem alfabética, os stakeholders que se destacam por falar sobre o tema ou ter sido citado por outros atores dentro do contexto do lobby.
Nesta análise, focamos na lista de maior número de tweets publicados e menções ao perfil. Não há, como se pode observar, detalhamento sobre o posicionamento de cada stakeholder ou parlamentar identificado dentro do tema lobby no Twitter.
A ideia principal é mostrar as possibilidades de ir além do monitoramento legislativo. Queremos mostrar a importância de compor as análises políticas de relações institucionais e governamentais com um olhar sobre as redes sociais. O motivo para essa composição de fontes na construção das estratégias é, primeiro, que o debate público, inclusive online, torna relevantes temas que podem não ter se iniciado na esfera institucional da política (legislativo, executivo, judiciário) e, segundo, que acabam por esquentar o debate sobre temáticas que, no processo legislativo e regulatório, estão adormecidas.