Como será o futuro das Relações Governamentais tendo em vista o cenário político brasileiro? Esta é a pergunta que ultimamente temos ouvido. A resposta para ela não é definitiva e, por conta da dinamicidade do cenário atual, pode mudar com certa rapidez. Isto, porém, não impede que façamos uma reflexão sobre ela.
Nós e tantas outras pessoas escreveram sobre a importância que o processo de Relações Governamentais vem adquirindo no país. E junto com o aumento da relevância vem o aumento da exposição destes profissionais na mídia. Por outro lado, a exposição aumenta os debates sobre o que se faz e como se faz (como por exemplo ciclos de palestras e até mesmo debates dentro das próprias Associações e Instituições que reúnem profissionais). O fato é que a prática das Relações Governamentais é uma peça importante na engrenagem política brasileira.
Cada dia mais as instituições compreendem que a relação entre público e privado existe desde os primórdios da formação do estado brasileiro. É verdade que, na maioria das vezes, esta relação continha práticas patrimonialistas, mas o fato é que, também, não podemos negar que ao longo da história esta relação entre público e privado vem sendo cada dia mais fiscalizada pelo judiciário que passa a contar com mecanismos mais eficazes. E mais, ao longo do processo de evolução política, mesmo que de forma separada, grupos dentro das instituições tem se organizado para definir estratégias claras e boas práticas de negociação junto ao governo. Ou seja, temos a confiança que a relação entre público e privado pode gerar, cada vez mais, bons frutos.
Além disso, o cenário para os profissionais de Relações Governamentais passa por compreender melhor a estrutura estatal. Por conta da extensa lista de mecanismos e da burocracia dos processos que envolvem a tramitação de proposições, nota-se que momentos vitais para a negociação junto aos legisladores são perdidos e isto tem significado duas coisas: 1) a perda da oportunidade e consequentemente a instituição terá muito mais trabalho para reverter um quadro desfavorável; 2) lançar mão de meios “pouco democráticos” para forçar a correção da falha. Ambos os casos seriam evitados caso houvesse um processo de monitoramento legislativo, um maior conhecimento dos processos e quais os momentos são mais estratégicos para a atuação.
Negociar com o Governo Federal e com os estados é essencial, visto que a estrutura do governo faz com que grande parte das decisões e alocações de recursos passem por ele. Ou seja, é necessário ir até o Estado para negociar. A isso se soma o aumento de demandas e a diminuição dos recursos disponíveis. Sendo assim, o cenário que se desenha para os profissionais de Relações Governamentais será de trabalho para estruturar processos eficazes de monitoramento legislativo bem como melhorar as estratégias de negociação junto aos tomadores de decisões.