Há alguns anos, um anúncio de vaga de emprego como o título acima causaria um nó na cabeça do leitor, inclusive dos mais qualificados. Eram poucos os ambientes que sabiam o que de fato faz esse tal de RIG. A ocupação era mais conhecida por um outro termo que, ao longo das últimas décadas, e da Lava-Jato, foi se tornando quase uma ofensa. O profissional de Relações Institucionais e Governamentais, outrora lobista, continua fazendo lobby (legítimo) – e muitas outras coisas.
A entrada em cena do termo RIG teve como marco a inclusão da atividade do profissional de Relações Institucionais e Governamentais na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Dessa forma, a carreira foi reconhecida pelo poder executivo, por meio do Ministério do Trabalho. Agora, está na iminência de reconhecimento pelo poder legislativo com a votação do projeto de lei que regulamenta a atividade.
Toda essa institucionalização teria pouco efeito prático se o mercado pouco ligasse para tais formalidades. Mas ele liga, cada vez mais.“De agosto de 2017 pra cá, a busca por profissionais de RIG tem sido a área de maior representatividade aqui na consultoria”, explica Raul Cury Neto, sócio-fundador da VITTORE Partners, empresa de recrutamento que atua na seleção de executivos para quatro mercados: Jurídico, Compliance, Tributário e RIG.
A empresa, cuja base é em São Paulo, foi fundada há seis anos. Raul há doze atua na área de recrutamento e, desde 2010, começou a selecionar profissionais para a área de RIG. De lá para cá, a procura só cresceu. O mercado demanda principalmente posições em nível sênior, como gerentes, diretores e vice-presidentes, o que aumenta a valorização por esse perfil.
Raul explica que o crescimento dessa demanda está em sintonia com o avanço da preocupação com o compliance. “Antes mesmo da Lava-Jato, começou o movimento das multinacionais para a implementação da área, a partir de 2006, 2007. Também as legislações pelo mundo e o movimento de transparência e combate à corrupção atingiram de forma muito efetiva a área de Relações Governamentais.”
Em relação às competências necessárias, Raul lembra que, no passado, o trabalho era conduzido com foco apenas no relacionamento, habilidade insuficiente hoje para o sucesso da carreira. “O profissional de RIG precisa atuar de forma mais estratégica, com metas e sempre de forma transparente.”
Raul destaca que os níveis da carreira estão se consolidando e que a área dentro das organizações estão se tornando cada vez mais robustas. “Muitas empresas estão no movimento de montar as suas estruturas, assim como associações de classes que também estão focando a governança interna. Além disso, muitas consultorias de RIG e escritórios de advocacia estão surgindo nessa nova onda.”
Cada vez mais, os profissionais de RIG buscam deixar claro como, onde e para quem atuam, inclusive para maior assertividade do trabalho junto às autoridades que se sentem mais seguras quando os relacionamentos são construídos sob à luz.
Para contribuir para essa identificação, a VITTORE Partners, em parceria com a Consult-Master e LEC está iniciando os trabalhos para o lançamento do 1º Anuário de RIG do Brasil.
A ideia é trazer o perfil dos principais profissionais de Relações Institucionais e Governamentais do país, à frente das maiores empresas privadas, entidades de classe setoriais, consultorias e escritórios de advocacia especializados.
“Pretendemos chegar a 500 empresas, mostrando até dois profissionais por instituição. Será um vitrine mostrando o profissional, a empresa, a nomenclatura utilizada no cargo (diretor de relações institucionais, corporativas, head de RIG, de comunicação) e muito conteúdo. Para isso, todos os profissionais abordados para o anuário irão responder um questionário robusto contendo perguntas sobre a carreira, estrutura, desafios e sobre o mercado de forma geral.”
Raul explica que já está em contato com as principais entidades que representam o setor e que a expectativa é que o anuário seja lançado no dia 23 de agosto.
“O grande objetivo é contribuir para a área de RIG no Brasil, trazendo um índice que seja referência para o próprio mercado. Tudo vai ser muito transparente, dando visibilidade à atuação dos profissionais.” A iniciativa reforça a tendência de que o lobista old school que prefere a sombra à transparência é um anacronismo com morte anunciada. Exceções só vão confirmar essa regra.