Confira as tendências e desafios para as áreas de relações institucionais e governamentais em 2022.
ano de 2022 apresenta diversos desafios para as relações institucionais e governamentais no Brasil.
Para além das eleições gerais, a possibilidade de aumento do número e impacto das fake news e dos reflexos da Pandemia do Covid-19, que afetam significativamente a forma e timing de atuação do lobby e advocacy, há diversas outras questões que se mostram como tendências que norteiam a área de RIG e que devem se intensificar ao longo do ano. Confira abaixo 6 tendências de RIG que mapeamos para 2022:
A pandemia forçou mudanças nas formas de trabalho e interações por meio de vídeo se tornaram um meio de interlocução com stakeholders rápido e que envolve até menos custos (evitam longos deslocamentos, viagens com hospedagem e passagens aéreas, por exemplo). Isso ampliou a inclusão de atores nos debates públicos, contudo ainda existem barreiras de acesso aos principais tomadores de decisão que demonstram que reuniões presenciais e estar em Brasília continuarão sendo importantes ao profissional de RIG.
São temas que vêm sendo incorporados à agenda das lideranças das áreas de RIG em conjunto com as práticas de ESG. Dados sobre diversidade e inclusão na área de Relações Institucionais e Governamentais ainda são poucos para entender a realidade do lobby inclusivo. Contudo, os fatos mostram o surgimento e crescimento de grupos que carregam a missão de tornar o ambiente de RIG mais aberto a negros, mulheres, jovens, como é o caso do Mulheres RelGov, Coletivo Pretas e Pretos, Profissão RelGov, GAMES (Government Affairs, Media, Entrepreneurs and Supporters) - grupo LGBTQIAP+ de São Paulo, dentre outros.
O Anuário Origem 2021 mostra que nas empresas grande parte das lideranças ainda são homens, apesar do aumento do número de profissionais mulheres na área. Houve, também, aumento da participação de negros (que em 2020 representavam 26% e em 2021 este número subiu para 34,4%), da população LGBTQIA+ (de 19,6% para 30,4%) e de pessoas com deficiência (de 13,6% em 2020 para 15,2% em 2021). Dentre as lideranças da área de RIG que responderam a pesquisa, metade disse que a área está se engajando em políticas de diversidade.
Seguem alguns exemplos de iniciativas pró inclusão em RIG:
O Coletivo Pretas e Pretos em RelGov une profissionais negros da área ou que gostariam de atuar nela, para apoio mútuo e abertura de novas oportunidades no mercado. Eles apostam em ações de indicação de pessoas negras, bolsas ou financiamento coletivo em cursos na área, e, ações para destacar profissionais negros entre os 20 mais admirados no Anuário Origem (que não teve mulheres negras entre os premiados em 2021, por exemplo).
Recentemente foi lançado o livro "Relações Governamentais sob a ótica feminina", com o Selo editorial do Irelgov, que mostra a história e trajetória de profissionais mulheres que enfrentaram preconceitos e adversidades no universo masculinizado de RIG.
Desde 2020 a pandemia fez crescer a necessidade de interações com agentes públicos e, com isso, as empresas estão ampliando o número de profissionais de RIG, o que demonstra que estão ainda mais conscientes do papel e importância da atividade. O Anuário Origem 2021 reforça a percepção: das 388 lideranças de áreas de RIG que responderam a pesquisa, 40% disseram ter ampliado a equipe desde o final de 2020. A pesquisa também mostra um aumento de associações com áreas especialistas em RIG (em 2020 eram 75,5% dos respondentes, em 2021 foram 87%).
Os temas sociais, de sustentabilidade, meio ambiente e governança reforçaram o papel das empresas como agentes importantes para as transformações das demandas que surgem a nível global e necessidade de criação de um ambiente de negócios mais saudável para toda a sociedade. Neste cenário, essas temáticas estão se consolidando entre as prioridades de atuação das áreas de RIG. Exemplo disso são as alterações que grandes empresas do setor industrial, alimentícios e energia já fizeram com a criação de áreas que integram relações institucionais, governamentais, comunicação, sustentabilidade e estratégia.
O Anuário Origem 2021 também explorou o nível de impacto dos governos para os negócios das empresas. E os resultados mostraram que os temas de impacto mais negativo se referem a questões de segurança jurídica, política tributária e previsibilidade para o ambiente de negócios. Por outro lado, a pesquisa mostra que o impacto da atuação do governo pode ser positivo aos negócios em acordos setoriais locais, sustentabilidade e ambiente regulatório. Esses devem ser os principais norteadores da gestão de risco político em 2022 para evitar riscos aos negócios e aproveitar melhor as oportunidades.
A regulamentação da atividade de relações institucionais e governamentais é pauta antiga no Legislativo. No final de 2021, o Governo apresentou o PL 4.391/2021 que prevê punições aos agentes públicos e privados que cometerem infrações na representação de interesses no Brasil. A proposta faz parte do pacote anticorrupção da Controladoria-Geral da União (CGU). A expectativa é que o projeto comece a ser debatido na volta do recesso legislativo.
Referências
O Futuro híbrido e as relações governamentais
Profissionais negros de RelGov se articulam por inclusão em área pouco diversa
Diálogos Irelgov - Edição 02 julho/2021 - A mudança que queremos é um reflexo de quem somos