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RIG e Conexões de valor para empresas e sociedade. Entrevista com Suelma Rosa, Juliana Marra e Guilherme Camargo.

Confira os destaques do II Congresso Internacional de Relações Governamentais nesta entrevista com Suelma Rosa, Juliana Marra e Guilherme Camargo, time de relações institucionais e governamentais da Unilever.

Publicado em:
3/6/2022
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onexões internas e externas para gerar valor aos negócios

As áreas de Relações Institucionais e Governamentais fortalecem as conexões internas e externas às organizações e estimulam a construção de estratégias que geram valor e evitam riscos às empresas. Além disso, a atuação íntegra de profissionais de RIG contribui com toda a sociedade ampliando a transparência e ética no processo democrático de representação de interesses junto ao poder público e apoiam a qualificação do debate e construção de políticas públicas. 

“O centro do valor do papel de RIG está em como absorver a informação para preparar a empresa para navegar no ambiente complexo externo.” Suelma Rosa

Esses são alguns dos destaques que os convidados desta entrevista ressaltaram sobre os principais temas debatidos durante o II Congresso Internacional de Relações Governamentais, promovido pelo Instituto de Relações Governamentais (IRELGOV) nos dias 19 e 20 de maio de 2022. 

O encontro propiciou uma série de debates sobre novas formas de relações institucionais, com influência em políticas públicas, sua importância para a democracia e a geração de valor da atividade de RIG para empresas. 

E para fazer um balanço do Congresso com base no que foi apresentado nos dois dias de debates convidamos Suelma Rosa, ex-Presidente do IrelGov e Diretora Sênior de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade na Unilever, Juliana Marra, Gerente Sênior de Relações Institucionais e Governamentais na Unilever e Guilherme Camargo, Coordenador de Relações Institucionais e Governamentais na Unilever para destacarem os pontos principais observados nas falas durante o evento e reforçarem as mensagens para quem acompanha o Blog Sigalei. Boa leitura e anote as dicas! 

Balanço do II Congresso Internacional de Relações Governamentais

Num balanço de tudo que foi dito pelos palestrantes ao longo do Congresso, Juliana Marra e Guilherme Camargo destacam como mensagens principais aos profissionais de RIG a importância da conexão e integração interna dos times de RIG com demais áreas das empresas e a relevância da multiplicidade de conhecimentos:

“O profissional de relações institucionais e governamentais e a área como um todo precisam trabalhar de maneira colaborativa com as outras áreas. O mais importante é que as áreas trabalhem em conjunto e estejam integradas no negócio. Não pode ser uma área apenas de consultoria dentro das organizações. É preciso trabalhar dentro da área de business. Só informar o que está acontecendo na política não agrega o valor para o que a empresa espera da área, que é entender o que está acontecendo internamente para conseguir traduzir as oportunidades e os riscos de fora pra dentro.” Juliana Marra
“Para o profissional de RIG, hoje, não basta apenas conhecer o regimento interno das casas legislativas, é preciso ter um conhecimento amplo de como funciona o business da empresa e quais são as implicações do negócio na área de RIG. É necessária uma multiplicidade de conhecimentos, facilitando assim a interlocução do profissional de RIG com as demais áreas da empresa.” Guilherme Camargo

A dica de Suelma Rosa para que a área e profissionais demonstrem seu valor internamente é investir na inteligência da área “os profissionais de RIG não são apenas leitores e geradores de alerta, pois gera uma angústia de estar o tempo inteiro ultra informado para nada. O valor vem da capacidade do profissional de conectar o que está acontecendo lá fora e ressignificar a informação para os riscos, issues e oportunidades da empresa.”

Lobby como fortalecedor da democracia

Com relação à participação democrática e papel do profissional de RIG no fortalecimento da democracia, Guilherme e Juliana destacam o papel legítimo da defesa de interesses que contribuem para qualificar o debate público e subsidiar melhores decisões e políticas públicas. 

Guilherme ressalta que “um dos papéis é o de informar os legisladores a respeito de pautas caras à companhia e à sociedade, informações que eles, porventura, não têm acesso ou não conseguem se debruçar a respeito. Esse papel, o de informar já justifica a atuação do profissional de RIG no fortalecimento da democracia: munir o legislador de argumentos suficientes para que ele possa tomar uma decisão informada.” 

Neste contexto de participação democrática, Juliana Marra reforça que “Representar interesses é legítimo e faz parte desse processo levar as informações para o setor público, seja representando uma entidade da sociedade civil, uma empresa, um grupo ou conselho de profissionais.

Valor de RIG para empresas e para a sociedade

Os principais valores que as atividades de RIG geram para empresas e sociedade são, sob o ponto de vista de Guilherme Camargo: a transparência e integridade

“Transparência, dentro da empresa, de como RIG faz e o que faz se reflete para fora. Não há o que temer com a representação de interesses feita de forma correta e transparente,. E a integridade anda de mãos dadas com a transparência.” Guilherme Camargo

Juliana Marra complementa que “o profissional tem que ter clareza dos desafios e ter a tranquilidade de como vamos lidar com eles de maneira transparente e íntegra, encontrando caminhos e aliados.”

Desafios de RIG pós pandemia de Covid-19

Para Juliana os desafios que os profissionais de RIG devem enfrentar após a pandemia são diversos, mas o mais importante é lidar com emergências e ter uma rede de relacionamentos já estruturada para acionar em momentos de urgência é o principal. 

“Estar sempre em dúvida se já temos os possíveis caminhos para as coisas que podem estar por vir e estar preparados para reagir. Ter as redesconectadas para ativá-las no momento em que os desafios vierem.” Juliana Marra 

Suelma Rosa vai além e reforça que não se trata mais de antecipar o futuro na mesma lógica de que o futuro se projeta com base nas experiências do passado:

“O que acontece na pandemia e com a aceleração dos processos e tudo que está por vir nessa pós transição é algo muito mais complexo do que a tendência, não se trata mais de um futuro que é antecipado a partir do passado. O que dá para fazer é reconhecer que o mundo mudou e se adaptar a essa agilidade. O volume de informação é tão grande que não dá para uma pessoa ou uma equipe só processar, então vamos ter que encontrar um jeito de fazer isso e focar no que é necessário.” Suelma Rosa

Suelma ressalta, ainda, alguns aspectos do novo mundo importantes para RIG: 

“A transparência é para dentro e para fora da empresa. Comunicação vertical não existe mais, a comunicação agora é horizontal e todo mundo é uma potencial fonte, um potencial influenciador e pode se transformar do dia para a noite em alguém que é ouvido por todos. Temos que saber ler esse contexto, para estar preparados para o que vier sabendo que qualquer coisa que aconteça será reinterpretada por essa nova estrutura social nacional e global.” Suelma Rosa

RIG e ESG
Com relação ao papel dos profissionais e áreas de RIG junto às práticas de  ESG, Suelma relembra que há diferenças entre atuar em uma empresa que já possui estes princípios incorporados em seu propósito e atuar em uma empresa que ainda está criando essa cultura. Mas, independente do estágio de maturidade da sustentabilidade dentro do negócio, a área de RIG se destaca como melhor lugar para direcionar a agenda ESG da organização, pois já possui a vantagem de uma visão muito sistêmica e multi-stakeholders.

Juliana Marra complementa essa percepção de importância de RIG atuar com questões sócio sustentáveis evidenciando que o papel de RelGov no ESG se destaca no “G” de “governança”:

“Nosso papel de RIG é representar a governança e reorganizar, se for necessário, no exercício do que a gente faz e no que os demais colegas internamente deveriam também fazer. É papel de RIG, junto com jurídico e com compliance, trazer elementos externos para exemplificar com boas práticas. Também ser claro em como as coisas não podem seguir e o que isso pode causar. Isso está diretamente ligado à reputação da empresa.” Juliana Marra

Ano eleitoral: principais desafios e oportunidades para RIG

Sobre os riscos e oportunidades que o cenário do ano eleitoral pode gerar aos profissionais de RIG, Guilherme Camargo entende como maior risco a falta de percepção e análise do cenário de forma mais ampla e a maior oportunidade é poder estreitar relacionamentos com stakeholders que podem vir a se tornar atores importantes politicamente. E ressalta a importância de ter uma visão não discriminatória entre candidatos, pois um possível perdedor da eleição, pode ser uma oposição no futuro. 

“O maior risco é a falta de percepção, conhecimento e análise do cenário que a gente se encontra no momento e tomar qualquer tipo de ação sem visão ampla de onde a gente se encontra, com quem a gente está falando e porque estamos falando com determinada pessoa. A maior oportunidade é ter a possibilidade de apresentar e defender interesses com stakeholders que podem vir a ser um stakeholder mais do que chave daqui há alguns anos. Conversar com essas pessoas que possivelmente integrarão um novo governo, que possivelmente serão os cabeças para formulação de políticas públicas.” Guilherme Camargo

Suelma considera que momentos eleitorais são de grandes oportunidades de posicionar macro agendas e dialogar com todos os lados, contudo lembra de riscos que são inerentes ao nosso sistema eleitoral que representam grande risco como a contínua transição da regulamentação política eleitoral e do sistema partidário brasileiro, que geram uma instabilidade devido às mudanças constantes e a falta de clareza sobre as regras que seguem vigentes ou não. "As regras que valem para as eleições de 2020 são diferentes das regras que valeram em 2018 e foram diferentes de 2016". 

Futuro de RIG e Novas Tecnologias

Para o futuro das relações institucionais e governamentais, os três profissionais entrevistados acreditam que a tecnologia é benéfica e que depende de profissionais de RIG para gerar as interpretações cabíveis aos negócios em que atuam. 

Juliana não tem dúvidas: "as tecnologias ajudam e podem ajudar muito mais, principalmente em cruzamentos de dados, de conteúdos, de pessoas. E isso libera horas do profissional para inteligência, análises e questões de governança. É preciso, agora, internalizar os sistemas a ponto de tirar o melhor proveito disso. Não vejo como possível que o profissional de RIG seja substituído por uma máquina". 

Para Guilherme a quantidade de dados vai crescer e profissionais de RIG vão precisar conseguir sistematizar isso de uma forma inteligente e usar o poder de concisão para passar a informação para terceiros de forma objetiva para que qualquer um possa entender. 

Suelma destaca, por fim, a importância de se avançar no processamento de dados e informações e identificar quais são as variáveis relevantes para identificar padrões de resultados de processos decisórios (legislativo, negociação multilateral, políticas públicas). Contudo, esta [tecnologia] é a base, mas ainda é necessário o papel de inteligência, análise, entender o negócio, antecipar riscos e fazer essas pontes e conexões que são atividades realizadas pelo profissional humano. O relacionamento ainda tem papel relevante no mundo de RIG e isso não será digitalizado.   

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IRELGOV
Relações Institucionais e Governamentais
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