Aprenda as etapas de como fazer um mapeamento de stakeholders completo. Incluindo análise de perfil e matriz de stakeholders conforme poder, influência e interesse.
O tema já não é novidade no mundo de relações institucionais e governamentais, mas para ter uma boa estratégia e gestão de stakeholders é preciso saber quais informações levantar, onde buscar os dados, como organizá-los e as análises que podem ser elaboradas para apoiar o profissionais que atuam diariamente com relacionamento e interlocução com atores importantes para o contexto de seus negócios. Ao final deste artigo trouxemos um exemplo de perfil de stakeholders baseado em matriz para você se inspirar e colocar em prática.
O termo stakeholder foi criado pelo filósofo Robert Edward Freeman em 1963 para se referir a "grupos que, sem seu apoio, deixariam de existir”. Para o filósofo, o termo possui dois sentidos: um amplo, que faz referência a todo indivíduo ou grupo que possui o poder de influenciar ou é influenciado pelo alcance dos objetivos da organização, e um sentido mais estrito, que seriam os grupos ou indivíduos dos quais a organização depende para sua sobrevivência.
Nesse sentido, a expressão stakeholder representa o público estratégico, seja um grupo de pessoas, seja um indivíduo, que é impactado pelas ações de um empreendimento, de uma empresa, de um negócio ou de um projeto. Dessa forma, são os stakeholders que legitimam as ações de uma organização e têm o poder de influência para a gestão e resultados dessa organização. Vale ressaltar que há uma diferença entre a abordagem e a teoria de stakeholders. Para a teoria econômica clássica, o proprietário do negócio seria a única parte interessada, de maneira que seria apenas ela a peça de importância para a empresa.
Segundo Freeman, a teoria dos stakeholders afirma que existem diversos outros elementos da sociedade que devem ser levados em consideração durante a tomada de decisão, como organizações não governamentais (ONGs), colaboradores, fornecedores, sindicatos, clientes e concorrentes. Dito isso, o filósofo acredita que a teoria se baseia em quatro ciências fundamentais: sociologia, economia, política e ética, acrescentando valores literários do planejamento corporativo, da teoria dos sistemas, da responsabilidade social e da teoria das organizações de maneira a tentar explicar a relação da organização tanto com o seu ambiente externo quanto interno.
Nesse cenário, são categorizados, basicamente, dois tipos de stakeholders principais atualmente: os internos à organização, como gestores e colaboradores, e os externos à organização, que seriam os clientes e a imprensa, por exemplo. Para além disso, existem outras subcategorias que levam em consideração o nível de interesse, de legitimidade e de urgência dos stakeholders:
Em síntese, os stakeholders são essenciais para conseguir mapear e identificar todo e qualquer tipo de impacto que seu negócio ou projeto terá e sofrerá, seja ele positivo ou negativo. Posto isso, todas as ações de uma organização devem considerar os stakeholders, pois eles podem comprometer ou ajudar a chegar ao resultado desejado. Ao entender a importância desses atores, o responsável pelo planejamento consegue ter uma visão mais ampla de todos os grupos e indivíduos envolvidos, fazer a gestão dos stakeholders, além de ser capaz de distinguir de que maneira eles podem ser beneficiados e contribuir da melhor forma para o projeto ou negócio desejado.
Após entender o significado de stakeholders, é preciso compreender a melhor forma de monitorá-los e mapeá-los para que, assim, sejam definidas as prioridades para possíveis engajamentos e atuações, bem como identificar riscos e oportunidades para alcançar a influência diante do poder decisório.
Para um bom mapeamento de stakeholders, primeiramente, cabe analisar a macroestrutura do cenário - Casas Legislativas, secretarias, ministérios, órgãos públicos e privados - para entender como ocorre seu funcionamento e, assim, destrinchá-lo. Para perceber a hierarquia entre órgãos e Casas, é essencial desenvolver um organograma para que haja a percepção de qual órgão é subordinado a qual. A partir disso, faz-se necessário definir a hierarquia de subordinação entre os indivíduos, ou seja, separar os atores que têm influência e poder decisório dos atores que apenas observam, sem portar algum o poder de decidir ou de influenciar, por exemplo, a mídia em casos que visem ações de advocacy.
O segundo passo é identificar quais são as partes interessadas. Para isso, é de extrema importância a realização de perfis parlamentares para entender as agendas políticas dos congressistas, ou seja, para fixar suas pautas de interesse. Além disso, é mister analisar a trajetória política do stakeholder, assim como investigar se o indivíduo possui família atuante na política e definir à qual atividade econômica está ligado, à qual região pertence e qual a força política local daquela região.
Isto posto, examinar a profissão do parlamentar também é importante para identificar a agenda temática do stakeholder. Nesse contexto, investigar o período de atuação na profissão, além de sua formação acadêmica para ver o grau de identificação com a temática, são processos vitais. Somado a isso, deve-se traçar de quais Frentes Parlamentares e comissões o parlamentar participa, porém, é preciso perceber quais são as Frentes realmente atuantes e qual é o papel do parlamentar na comissão, quer dizer, se ele atua de forma ativa nos trabalhos e se é comprometido com a comissão e com a pauta. Com isso, perceber se o membro é titular na comissão e se possui uma boa relação com o Presidente e Vice Presidente da Comissão representam indicadores a se considerar.
Depois de filtrar e definir a prioridade dos stakeholders, é preciso analisar com quais autoridades eles se relacionam e quais são suas ligações, ou seja, investigar sua rede de relacionamentos. Para isso, é importante examinar a agenda de eventos e compromissos do parlamentar ou autoridade pública para destacar com quais temáticas o stakeholder está engajado a partir de suas conexões. Com isso, é preciso monitorar tanto sites oficiais quanto redes sociais para, a partir disso, perceber as relações interpessoais e o estilo de vida do stakeholder.
Não obstante, cabe analisar as partes interessadas e destacar se seus impactos são positivos ou negativos para ser possível traçar um funil de relacionamento, no qual serão estipuladas as prioridades em meio ao mar de stakeholders. Após perceber quais parlamentares oferecem risco e quais oferecem oportunidades, é essencial categorizá-los em grau de influência.
Por fim, o melhor método para visualizar os insumos coletados pela pesquisa é por meio de uma tabela na qual todos os possíveis stakeholders sejam listados e categorizados de acordo com sua influência positiva ou negativa. Nessa planilha, é interessante colocar uma mensagem estratégica, de forma a convencer aqueles que se encontram como tomadores de decisão. Ademais, deve-se adicionar uma coluna de interesses e uma coluna para abordar o engajamento do stakeholder nessa pauta e seu nível de influência sobre esse assunto. Para tal estruturação, gráficos com eixos de influência e de poder são representam uma alternativa a se adotar, criando, então, uma matriz de stakeholders que mostra visualmente a urgência e relevância para engajar ou não com um ator importante para uma organização.
No que tange à análise de perfil, esta é produzida fundamentalmente para que os gestores tenham em mãos todo o aparato político de influência que pode representar um impacto direto ou indireto onde o ator participa e é ativo para prever, premeditar e traçar a análise política e planejar ações, gerenciando e garantindo um risco mínimo para quem seja orientado, como organizações, acionistas e entidades governamentais e não governamentais.
A análise dos stakeholders, pode ser estruturada em texto, lista, mapa, rede, escala, ou matriz, conforme a necessidade de explorar os dados sobre os stakeholders. Para atores políticos, os aspectos de interesse podem ser tratados em escalas positivas, negativas, grupos de poder, grupos de interesse e demais pontuações que qualifiquem o indivíduo.
Nessa perspectiva, é imprescindível salientar a necessidade de se avaliar se um stakeholder possui relevância pequena, média ou alta, se o seu poder de influência pode acarretar impactos positivos, negativos, altos, médios ou baixos.
Como referência, fizemos a análise do perfil de um stakeholder de forma qualitativa e em texto, com base em dados levantados sobre suas experiências, profissão, formação, histórico de atuação política, poder e influência que serve de exemplo próximo do que consiste a análise de um stakeholder, sem a diagramação de matriz, porém com sua estrutura.
Vejamos o perfil do atual Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM/MG). Esteve como Deputado Federal em 2014, alçou a 3° posição na disputa da prefeitura de Belo Horizonte – MG, foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, com seus poucos 2 anos de mandato como Senador da República, assumiu recentemente a Presidência do Senado ao derrotar Simone Tebet (MDB/MS) na disputa. Ao se analisar seu perfil até o momento político atual, sendo o 3° na sucessão à Presidência da República, vemos uma configuração singular, salientando traços ímpares como a “política mineira”, seus fortes padrinhos políticos como Bolsonaro (sem partido/RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), sua formação acadêmica e profissional, um pensamento que prioriza pautas econômicas e uma correspondência para com os militares. Vale destacar que Pacheco ascendeu até o atual cargo de senador em apenas 6 anos de carreira política.
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Referências
BEZERRA, Filipe. Stakeholders: Do Significado À Classificação.
CUNHA, Marina. O que é análise dos Stakeholders? SF Informativo. 05 de janeiro de 2021.
SILVA, Wallace Bruno da. MORATTI, Kalber Freire. Análise e Classificação dos Stakeholders para Gestão de Projetos. Artigo PMKB. 16 de outubro de 2014, Betim, Minas Gerais.
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Este artigo foi escrito em parceria com a Strategos Jr., consultoria política Jr. da Universidade de Brasília.
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