O uso de dados em Relações Institucionais e Governamentais (RIG) é uma necessidade cada vez maior para os profissionais da área. E neste contexto a sua equipe pode contar com um grande reforço. Confira o artigo de Eduardo Galvão, escrito para a seção Insights.
uando um lobista vai para uma reunião com um legislador ou um regulador defender suas agendas, algumas informações importantes podem aumentar ou diminuir suas chances de sucesso. Como o decisor votou no passado? Qual tem sido seu discurso nas redes sociais e na imprensa? Quem vota alinhado com ele? Quem historicamente vota contrário? Qual o grau de alinhamento com as orientações partidárias ou do Governo?
Hoje todas essas respostas estão facilmente disponíveis e acessíveis pelo computador, tablet ou celular, em tempo real. E são decisivas para o sucesso de uma estratégia de Relações Governamentais.
O uso de dados em Relações Governamentais surgiu da necessidade de gerenciar o conhecimento de um grande volume de informações sobre o processo de decisão política, que se tornava (literalmente) humanamente impossível tanto por conta da quantidade cada vez maior, quanto do ritmo, cada vez mais acelerado da tomada de decisão. Apenas como um indicativo desse fenômeno, os gráficos abaixo demonstram como se deu esse aumento, respectivamente, no volume e na complexidade das interações e decisões.
Podemos perceber, por exemplo, que em 1990 tramitavam no Congresso Nacional 7 mil proposições legislativas, que demoravam em média 2,7 anos em discussão. Em 2020 o quantitativo superou 90 mil proposições, com um ciclo de discussão de 4,4 anos.
A partir daí os robôs e algoritmos passaram a ser os grandes parceiros do lobista dos novos tempos. Mas a revolução digital foi além. E potencializou as atividades de inteligência, análise, estratégia e comunicação dos lobistas.
Em seguida vieram ferramentas capazes de demonstrar a relevância dos issues, o interesse e os sentimentos relativos a eles. E ainda identificar os principais influenciadores, tanto na arena governamental, quanto na mídia e nas redes sociais. Essas informações são importantes para saber a hora de agir e também na hora de construir narrativas eficazes para influência e convencimento.
O passo seguinte foi incorporar tecnologias que auxiliassem no mapeamento de stakeholders e identificação de redes de influência capazes de demonstrar quem é mais relevante no jogo político da tomada de decisão, quem influencia quem, quais caminhos tomar e, não menos importante, quais evitar. Hoje ter um mapeamento eficaz dos stakeholders e das redes de influência é decisivo na hora de definir com quem falar.
Fazer lobby baseado em análises de big data traz uma outra dimensão para a defesa de interesses e eleva a discussão de políticas públicas a outro patamar. Estudos analíticos que coletam dados da opinião pública podem ajudar tanto na formulação de políticas mais eficazes quanto adaptar a campanha de lobby ao comportamento e aos interesses do público.
E as aplicações não param por aí. Banco de dados são utilizados em diferentes frentes na área de RelGov. Essas informações são usadas para sustentar argumentos com fatos e números proficientes, gerenciar o risco político, medir influência, rastrear agendas públicas, monitorar proposições legislativas e normas do Diário Oficial, gerenciar seus indicadores de desempenho e coordenar estratégias.
Hoje não dá mais para pensar o lobby como em outros tempos. Vivemos um darwinismo digital. Se até há pouco tempo atrás o uso de ferramentas digitais era um fator de competitividade, hoje é condição de sobrevivência nas Relações Governamentais num mundo em que a mudança nunca esteve tão presente.
E você? Já tem um robô pra chamar de seu?